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ACIDENTES AÉREOS HISTÓRICOS

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O voo e a colisão

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O presidente dos EUA, Dwight Eisenhower, havia chegado ao Brasil no dia 23 de fevereiro de 1960 para, ao lado do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek, assinar a “Declaração de Brasília”, que reafirmava a amizade entre o Brasil e os EUA, no qual foi reiterado o apoio norte-americano à Operação Pan-Americana.

 

Dois dias depois, o DC-6 prefixo 131582 da Marinha dos Estados Unidos, que vinha do Aeroporto Ezeiza, em Buenos Aires, na Argentina, com sete tripulantes e 31 passageiros a bordo, entre eles 19 membros da United States Navy Band - que vinham ao Rio para tocar no encontro entre os presidentes do Brasil e dos EUA (saiba mais) - adentrava no estado do Rio de Janeiro e recebia as primeiras instruções para a aproximação e pouso no Aeroporto do Galeão.

 

Ao mesmo tempo, o DC-3 prefixo PP-AXD da Real Transportes Aéreos, realizando o voo 751 vindo do Aeroporto Bartolomeu Lisandro, em Campos dos Goitacazes, a 275 km da capital do Rio de Janeiro, com quatro tripulantes e 22 passageiros, também se apresentava em aproximação para aterrissagem, mas no Aeroporto Santos Dumont.

 

Às 13:07 hs, quando ambas aeronaves já haviam recebido suas instruções para pouso da Torre de Controle do RJ, elas tragicamente colidiram no céu sobre a Baia da Guanabara.

 

O DC-3 PP-AXD da Real caiu na Baia, a sudoeste do Pão Pão de Açúcar, matando todos os 26 ocupantes a bordo

 

O DC-6 da Marinha dos Estados Unidos também caiu na Baia da Guanabara, mas ao norte do Pão de Açúcar, matando 35 ocupantes dos 38 ocupantes do avião, sendo os sete tripulantes e 28 passageiros, dentre eles os 19 membros da United States Navy Band.

 

A morte de 61 pessoas nessa tragédia causou grande comoção por todo o mundo.

 

Gráfico da colisão - Fonte: Aviation Safety Network

 


Investigações

Duas versões sobre o mesmo acidente

O Estado-Maior da Aeronáutica divulgou a reconstituição cronológica do voo das aeronaves PP-AXD (Real) e DC-6 131582 (US Navy) 

A aeronave PP-AXD da Real Aerovias entrou em comunicação com o Controle de Aproximação às 13 horas e 01 minuto, dando sua posição em Porto das Caixas (Estado do Rio de Janeiro), voando visual (VFR) a 1.650 metros de altitude; foi autorizado a prosseguir para o RJ, subindo para 1.800 metros, em virtude de outra aeronave, o Convair 340 prefixo PP-YRD da mesma empresa aérea, se encontrar sobre o Rio de Janeiro a 1.500 metros, iniciando o respectivo procedimento de descida.

 

Às 13 horas e 05 minutos, tendo esta aeronave desocupado o fixo do RJ, o Controle de Aproximação autorizou o PP-AXD a descer novamente para 1.500 metros sobre o Rio de Janeiro.

 

Às 13 horas e 06 minutos, o PP-AXD acusou o bloqueio do RJ a 1.700 metros de altitude, tendo o Controle do Rio confirmado a descida até 1.500 metros, quando estaria livre para iniciar o procedimento ‘Victor’ – problema de descida sobre o radio farol do Rio de Janeiro (RJ) e Ilha dos Ferros.

 

O bloqueio foi confirmado após 30 segundos. Às 13 horas, 07 minutos e 30 segundos, deu-se a colisão, quando o PP-AXD já devia se encontrar a uma altitude estimada de 1.475 metros, considerando a razão de descida de 150 metros por minuto.

 

A aeronave DC-6, prefixo 131582, da Marinha dos EUA (US Navy), entrou em comunicação com o Controle de Aproximação às 12 horas e 56 minutos, no través de Santa Cruz (posição ‘Bagre’), voando por instrumentos (IFR) a 3.900 metros de altitude. Recebeu instruções para descer em direção ao radiofarol da Ilha Rasa até 1.500 metros.

 

Às 13 horas e 05 minutos acusou o bloqueio sobre a Ilha Rasa dando as altitude que era de 2.650 metros; foi autorizado a prosseguir para o radiofarol de Caxias passando RJ a 1.800 metros. Às 13 horas e 07 minutos o avião da Marinha norte-americana acusou o bloqueio de RJ a 1.800 metros. O Controle de Aproximação expediu, então, a seguinte mensagem: “ APP para Navy proa KX DSC para 1.500/1.200 acuse KX”. Trinta segundos após, verificou-se a colisão.

 

Conclusões

 

a) O avião PP-AXD da Real executou corretamente as instruções recebidas do Controle de Aproximação;

 

b) O avião DC-6 da US Navy, por motivos ignorados, acusou o bloqueio sobre o RJ antes de atingir esta posição, calculando-se que o tenha feito aproximadamente à altura do Pão de Açúcar; tanto assim, que a colisão se verifico sobre o morro Cara de Cão, aproximadamente a 2.500 metros do Rio de Janeiro.

 

c) O operador do Controle de Aproximação trabalhou corretamente.

 

Estado-Maior da Aeronáutica

 


 

A investigação feita pela Marinha dos EUA chegou a uma causa diferente

 

O acidente não pode ser atribuído a qualquer um dos aviões envolvidos, a forma como cada uma deles foi operado ou a qualquer ação significativa ou erro das tripulações.

 

Questões como o problema da língua falada, a falta de meios modernos de navegação aérea e de controle e os métodos de controle de tráfego de aeronaves usadas no Rio de Janeiro, embora extremamente material, não chegam a atingir o status de causas imediatas do acidente de acordo com as provas apresentadas. Se essas questões tivessem sido diferentes, em um ou mais aspectos favoráveis a uma maior segurança aérea, o acidente poderia ter sido evitado.

 

Estes problemas foram, no entanto, comuns aos voos de todas as aeronaves na área e sua existência era bem conhecida pelos pilotos e controladores.

 

É evidente que a incerteza por parte do controlador da posição original do DC-3; a subestimação dos fatores de tempo, incluindo o tempo de reação de aeronaves; a falta de apreciação das dificuldades de comunicação e da crescente gravidade da situação, são fatores que combinados, criaram as condições que levaram à colisão.

 

US Navy

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Memorial aos Marinheiros dos EUA mortos no acidente localizado na Igreja de Cristo, no RJ

Foto: navyband.navy.mil

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Ficha técnica

 

Data: 25/02/1960

Hora: 13h07min

 

Aeronave: Douglas C-47A-25-DK (DC-3)

Operadora: REAL Transportes Aéreos

Prefixo: PP-AXD

Número de Série: 13326

Primeiro voo: 1944

Voo: 751

Tripulantes: 4

Passageiros: 22

Partida: Aeroporto de Campos dos Goytacazes - Bartolomeu Lisandro de Albernaz (CAW/SBCP), Rio de Janeiro

Destino: Aeroporto Santos Dumont (SDU/SBRJ), Rio de Janeiro, RJ

 

Aeronave: Douglas R6D-1 (DC-6)

Operadora: Marinha dos EUA (US Navy)

Prefixo: 131582

Número de Série: 43685/307

Primeiro voo: 1953

Tripulantes: 7

Passageiros: 31

Partida: Aeroporto Internacional Ezeiza / Ministro Pistarini (EZE/SAEZ), Ezeiza, Argentina

Destino: Aeroporto Int. do Rio de Janeiro - Galeão (GIG/SBGL), Rio de Janeiro, RJ

 

Local do acidente: em voo sobre o Rio de Janeiro, RJ

Fatalidades a bordo do DC-3 da Real: 26 (22 passageiros e 4 tripulantes)

Fatalidades a bordo do DC-6 da US Navy: 35 (28 passageiros e 7 tripulantes)

Fatalidades em solo: 10 moradores

Total: 61 mortos

 


 

As aeronaves

 

Douglas C-47A-25-DK (DC-3)

 

O Douglas DC-3 foi um avião bimotor para uso civil que revolucionou o transporte de passageiros nas décadas de 1930 e 1940.

 

O Douglas DC3 substituiu o DC2 e começou a voar em dezembro de 1935; no ano seguinte, era largamente usado pelas grandes companhias de aviação do mundo. Durante a Segunda Guerra foi feita a versão militar, sendo designado como C47 e usado intensamente no transporte de cargas, tropas e para lançamento de paraquedistas.

 

No Brasil, a aviação do Exército usou o modelo DC2 no início da década de 1940. Os DC3 para transporte de civis foram empregados pelas companhias aéreas brasileiras, até a década de 1960. Pela sua segurança, esse avião era o preferido dos passageiros, mesmo quando começaram a surgir aeronaves mais modernas.

 

Atualmente, tais aeronaves estão aposentadas e fazem parte de acervos de museus de aeronáutica, e um desses aviões, de propriedade particular, ainda se acha utilizado para voar.

 

A Redes Estaduais Aéreas Ltda. - Real Transportes Aéreos foi uma companhia aérea brasileira, fundada no ano de 1945 pelo empresário paulista Vicente Mammana Neto, e extinta em 1961, quando foi tomada pela Varig.

 

A Real chegou a ter a maior frota de Douglas DC-3 do mundo, com 86 unidades, no ano de 1959.

 

Douglas DC3 da Real em 1946, similar ao acidentado (Acervo Cid Destefani)

 

Douglas R6D-1 (DC-6)

 

O Douglas DC-6 foi um avião de motor a pistões construído pela Douglas Aircraft Company de 1946 a 1959.

 

Pretendido originalmente como um avião militar perto do fim da Segunda Guerra Mundial, foi modificado após a Guerra para competir com o Lockheed Super Constelation no mercado de transporte de longo alcance. Mais de 700 foram construídos, e muitos voam ainda hoje como cargueiros, nas Forças Armadas, no controle do de incêndios a florestas.

 

O DC-6 foi feito como o C-118 Liftmaster no serviço da Força Aérea dos Estados Unidos da América, e como o R6D no serviço da Marinha dos Estados Unidos América.

 

O modelo R6D foi a versão militar para a United States Navy.

 

O U.S. Navy R6D-1 - Foto via Wikipédia

 


Reprodução dos jornais da época

 

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Reprodução dos jornais: Folha de S.Paulo, Washington Post, Jornal do Brasil e Correio da Manhã

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Texto e edição de imagens por Jorge Tadeu da Silva


 

Fontes de pesquisa: ASN / Wikipédia / US Navy / Folha de S.Paulo / Jornal do Brasil

Foto no topo da matéria: Marinaldo P. D. Junior

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